O altamente recomendável livro de Ricardo Mariano |
São as igrejas neopentecostais, formadas a partir de meados da década de 70, que realizaram as mais profundas acomodações à sociedade, abandonando vários traços sectários, hábitos ascéticos e o velho estereótipo pelo qual os crentes eram reconhecidos e, implacavelmente, estigmatizados.
Na verdade, eles não só aboliram certas marcas distintivas e tradicionais de sua religião, como propuseram novos ritos, crenças e práticas, relaxaram costumes e comportamentos e estabeleceram inusitadas formas de se relaciona com a sociedade.
E, como se não bastasse, passaram a priorizar a vida aqui e agora, em vez de enfatizar, como insistiam antes seus irmãos na fé, o abrupto fim apocalíptico deste mundo, ao qual prontamente se seguiria a bem-aventurança dos eleitos no Paraíso celestial.
O fato de relegarem a velha escatologia pentecostal para o segundo plano não significa que eles, crentes de todas as estirpes, inclusos os filiados às igrejas mais recentes, mais liberais e menos sectárias, deixaram, por um instante que seja, de desejar ardentemente as delícias do Paraíso prometido.
Nada disso. Significa que, socializados nas inovadoras e materialistas doutrinas da Teologia da Prosperidade, mudaram sua prioridade. Tornaram-se, com respaldo e estímulo religiosos, mais imediatistas e pragmáticos.
Isto é, antes de irem viver eternamente ao lado de Deus, futuro para o qual se creem destinados, eles querem gozar, ao máximo, com tudo a que têm direito e sem a menor culpa moral, esta vida e o que julgam haver de bom neste mundo.
Almejam, em suma, a felicidade. Boa fortuna que, com seus óculos religiosos, testemunham e retraduzem, apesar de sua terrível condição social, em termos de bem-estar pessoal, progresso material e até consumo de bens de alto valor monetário.
Ricardo Mariano. Neopentecostais: Sociologia do Novo Pentecostalismo no Brasil. Edições Loyola, 1999.
Na verdade, eles não só aboliram certas marcas distintivas e tradicionais de sua religião, como propuseram novos ritos, crenças e práticas, relaxaram costumes e comportamentos e estabeleceram inusitadas formas de se relaciona com a sociedade.
E, como se não bastasse, passaram a priorizar a vida aqui e agora, em vez de enfatizar, como insistiam antes seus irmãos na fé, o abrupto fim apocalíptico deste mundo, ao qual prontamente se seguiria a bem-aventurança dos eleitos no Paraíso celestial.
O fato de relegarem a velha escatologia pentecostal para o segundo plano não significa que eles, crentes de todas as estirpes, inclusos os filiados às igrejas mais recentes, mais liberais e menos sectárias, deixaram, por um instante que seja, de desejar ardentemente as delícias do Paraíso prometido.
Isto é, antes de irem viver eternamente ao lado de Deus, futuro para o qual se creem destinados, eles querem gozar, ao máximo, com tudo a que têm direito e sem a menor culpa moral, esta vida e o que julgam haver de bom neste mundo.
Almejam, em suma, a felicidade. Boa fortuna que, com seus óculos religiosos, testemunham e retraduzem, apesar de sua terrível condição social, em termos de bem-estar pessoal, progresso material e até consumo de bens de alto valor monetário.
Ricardo Mariano. Neopentecostais: Sociologia do Novo Pentecostalismo no Brasil. Edições Loyola, 1999.
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