{última atualização: 03/02/2017}
Quando falamos de apóstolos, de que você se lembra? João, Paulo, Pedro, Tiago?
Mas, e hoje, existem apóstolos? Existem apóstolos de verdade?
Pra começar vamos ver no dicionário o que é um apóstolo. O Aurélio diz assim:
"Apóstolo (a.pós.to.lo) sm. 1. Rel. Cada um dos 12 discípulos de Jesus. 2. Fig. Defensor e divulgador de uma ideia, fé, etc: apóstolo da democracia."
O próprio dicionário diz que apóstolos são os 12 discípulos de Jesus. E muitos crentes também acham. Mas, está errado.
Mas, e hoje, existem apóstolos? Existem apóstolos de verdade?
Pra começar vamos ver no dicionário o que é um apóstolo. O Aurélio diz assim:
"Apóstolo (a.pós.to.lo) sm. 1. Rel. Cada um dos 12 discípulos de Jesus. 2. Fig. Defensor e divulgador de uma ideia, fé, etc: apóstolo da democracia."
O próprio dicionário diz que apóstolos são os 12 discípulos de Jesus. E muitos crentes também acham. Mas, está errado.
A Bíblia diz que não existiram apenas 12 apóstolos.
I – Apóstolos na Bíblia
Os Doze Apóstolos que Jesus escolheu eram: Simão Pedro e André; Tiago, filho de Zebedeu e João; Filipe e Bartolomeu (Natanael); Tomé (Dídimo) e Mateus (Levi); Tiago, filho de Alfeu, e Lebeu (Judas Tadeu); Simão, o zelote e Matias. Estes são os Doze Apóstolos do Cordeiro. (Mt 10:2-4; Mc 3:16-19; Lc< 6:14-16)
Matias, tinha estado com Jesus desde o início, eram um dos discípulos mais próximos, e assim foi escolhido no lugar do traidor, Judas Iscariotes (At 1.21-26). Apesar de ter sido escolhido de uma forma que não vemos mais nas Escrituras, Matias é o 12º Apóstolo. Dele é o nome nas portas da Nova Jerusalém. Muitas pessoas, no afã de vencer os argumentos restauracionistas e defender o cessacionismo do apostolado, dizem que ele não era o escolhido. Que Jesus não o chamara, que os apóstolos se apressaram, e não esperaram pelo apóstolo certo. Para essas pessoas, que ignoram completamente o que está escrito, Paulo deveria ser o 12º Apóstolo, dada seu chamado sobrenatural e sua relevância. Entretanto, isso é um argumento claramente antibíblico: "assim, ele foi acrescentado aos onze apóstolos".
O Apóstolo dos Gentios, Saulo de Tarso. Chamado por Deus, separado para as nações (At 9.15). Romanos, I e II Coríntios, Gálatas, Efésios, Colossenses, I e II Timóteo e Tito, todos começam com Paulo anunciando a si mesmo como um apóstolo de Jesus.
"O abortivo" ou "nascido fora do tempo" (1 Co 15.8). Essa passagem é difícil, havendo várias interpretações. Mas, o fato é que Paulo considerava-se indigno de ser um apóstolo, pelo tempo que passara perseguindo a Igreja e a Cristo antes de Damasco. Por Sua graça, Deus agiu nele, e por isso, se sentia o "menor dos apóstolos". Ele não estava com Jesus desde o princípio (como Matias e Barsabás, At 1), mas Jesus lhe aparecera depois, por último, cronologicamente, pois há anos não haviam relatos sobre aparições do Ressuscitado. E essa transformação, que ver Jesus proporcionou, não foi inútil, estéril, mas frutífera, tendo "trabalhado mais do que todos eles".
Alguns lembram que a autoridade de Paulo parecia ser constantemente contestada, afirmando que era difícil ser apóstolo fora os Doze (2 Co 11, 12). Entretanto, eu acho que é um mau argumento. Paulo era desafiado sim, mas não pelos que já eram antes dele (Gl 1.17,19; 2.2,6-9). Ele era desprezado por outros que se achavam “super apóstolos” (2 Co 12.11). E Paulo teve que ficar lembrando porque ele era um apóstolo, de verdade.
Porém, raciocine: se o argumento de que apenas os Doze e Paulo eram apóstolos, de verdade, e Barnabé e os outros eram apóstolos em outro sentido, não era mais fácil Paulo dizer que os tais “super apóstolos” que o contestavam eram falsos por isso? Que eles não eram dos Doze, que não tinham visto ao Messias ressuscitado? Que eles eram de menor importância? Apenas mensageiros de igrejas e não da Igreja? Etc.
Mas, não! Paulo precisa reafirmar seu próprio ministério. Isso parece incompreensível para nós hoje, mas não era na época. De igual modo, se só existiam 13 apóstolos, porque os efésios em Revelação [Ap] 2 foram elogiados por provar e expor os impostores? Não era mais fácil a Igreja de Éfeso só dizer que apóstolos não existiam mais [além de João], em vez de prová-los? Inúmeros cessacionistas usam o argumento dos "eminentes apóstolos" para dizer que o apostolado era um círculo fechado. Entretanto, além de suas suposições, não há provas.
Mas, até aqui tudo bem... Quase todo mundo afirma que apóstolos são os Doze e Paulo. Será?
Temos ainda Tiago. Tiago o Justo, irmão de Jesus. Ele foi o primeiro bispo (líder) da Comunidade Cristã de Jerusalém. Paulo o reconhece como Apóstolo em Gl 1.19. No capítulo 2 (v. 9) de Gálatas, Tiago é citado com Pedro e João como coluna, os principais líderes da Igreja. O livro de Atos relata a autoridade de Tiago, sendo inclusive quem presidiu o Concílio da Igreja em Jerusalém em Atos 15 (e não Pedro). Deduzimos por I Coríntios 9.5 que ele pode ter sido casado. Ele não creu no Senhor durante Seu ministério terreno, mas veio a crer após lhe aparecer ressurreto (Jo 7.5; I Co 15.7).
Barnabé era o companheiro de Paulo. Eles serviram em Antioquia da Síria como profetas e/ou mestres quando foram separados para a obra que o Senhor queria. Em Listra, quando foram chamados de Júpiter e Mercúrio (At 14.14), os apóstolos Barnabé e Paulo rasgaram suas vestes. No v.4 também é chamado de apóstolo. Em I Coríntios 9, Paulo faz uma defesa dos dois dizendo que como os demais apóstolos também eram dignos de receberem apoio financeiro das igrejas, mesmo que não cobrassem seus direitos apostólicos.
Barnabé, na verdade José (At 4.36), era levita, de Chipre, e levou Paulo aos apóstolos (At 9.27) e de Tarso à Antioquia (At 11.25). Foi o primeiro líder enviado de Jerusalém para Antioquia (At 11.22). Quando os dois se separaram, Barnabé continuou em sua missão apostólica (At 15.39).
Sempre que alguém me diz que Paulo era o último apóstolo, por ser chamado depois, eu pergunto por Barnabé. Barnabé foi escolhido e comissionado apóstolo primeiro que Paulo então, para Paulo ser o último?
Como resposta, muitos hoje até contestam o apostolado de Barnabé. Rejeitam a Barnabé, ou negando que fosse um apóstolo de verdade (Lucas e Paulo só o incluíram nos "apóstolos" por respeito) ou que era um apóstolo de menor importância, não sendo um de verdade, como Paulo. Entretanto, isso é uma desculpa, uma escapada estapafúrdia, para provar seu cessacionismo apostólico. Paulo e Barnabé eram apóstolos, iguais. A diferença é que o Senhor chamou Paulo para mais coisas (que aliás não chamou nem mesmo a maioria dos Doze).
Andrônico e Júnia, o caso mais especial de apóstolos. Romanos 16.7. Uma apóstola! Alguns acham que os apóstolos os tinham em distinção; eram notáveis aos olhos dos apóstolos. Outros, como eu, acreditam que eles eram realmente notáveis entre os apóstolos; apóstolos notáveis. Normalmente, muitos não aceitam que Júnia era mulher, mas um homem, Júnias, mesmo que esse nome masculino não seja conhecido na Antiguidade, e São João Crisóstomo a reconhece tanto como mulher, quanto como apóstola.
Apolo, judeu de Alexandria, ministrou tanto em Éfeso como em Corinto. Após discutir sobre as divisões na Igreja de Corinto, Paulo fala sobre “nós apóstolos” em 1 Co 4.9, incluindo ele, Apolo e Cefas. Alguns podem achar que ele estava se referindo aos Doze e ele, mas se vermos o contexto, em que a Igreja se dividia entre Pedro, um dos Doze, Paulo, “Cristo”, e Apolo, não faz sentido que eles achassem que Apolo tinha autoridade menor que os outros dois grandes apóstolos. Veja também 4.6, 3.22, 3.4-6. Talvez até Sóstenes, co-autor da carta, esteja incluído no "nós apóstolos".
I Tessalonicenses começa dizendo que Paulo, Paulo, Silas e Timóteo a escreveram. O versículo 2.7 chama os três de apóstolos. Silas, profeta (At 15.32), e Timóteo, ainda um jovem, eram companheiros de Paulo em suas viagens, servindo em sua equipe apostólica.
Exatamente, não dá para saber quantos apóstolos o Novo Testamento relaciona. Além dos já citados, se usarmos os termos mensageiros e enviado, que são da mesma raiz de apóstolo em grego, poderíamos falar de Epafrodito (Fp 2.25-30), Tito (II Co 8:23), Tíquico (II Tm 4.12), Judas Barsabás (At 15.22), Erasto (At 19.22) e os apóstolos sem nome (II Co 8.18-23).
Além disso, os Setenta, que igualmente receberam uma comissão do Apóstolo do Pai nos Evangelhos, também são apóstolos.
Eusébio de Cesareia, que viveu entre 270 e 339/340 d.C., em sua História Eclesiástica (Livro I, XII), diz que Matias e Barsabás (At 1.23) eram dos Setenta. Conta que dizem que o Sóstenes que escreveu I Coríntios com Paulo era um deles. Fala até de uma tradição sobre o Cefas que Paulo enfrentou (Gl 2.11) ser um dos Setenta e não o dos Doze.
Sobre apóstolos, Eusébio escreve:
Normalmente se diz que, após João, a Igreja já deixou de reconhecer apóstolos e profetas. Nos séculos seguintes, o presbítero/ancião/bispo das igrejas, explícito no Novo Testamento, dará lugar ao episcopado e a sucessão apostólica da Igreja Católica (os bispos, em comunhão com o papa de Roma, são os legítimos sucessores dos apóstolos). Mas, antes disso, a Didaqué, texto apócrifo do século II que era atribuído aos Doze Apóstolos, e respeitado como canônico em vários lugares, no seu capítulo XI, diz sobre apóstolos e profetas:
No capítulo XIII:
O capítulo XV menciona a escolha dos líderes:
Muitas pessoas acham que ensinar a atualidade do ofício apostólico é tentar usurpar a autoridade e lugar dos primeiros, que viveram com Jesus. Entretanto, todos entendemos que os Doze Apóstolos chamados por Jesus são os que têm os seus nomes nos fundamentos da Nova Jerusalém (Ap 21.14). Eles são restritos. Eram apenas eles. Eles andaram, conviveram, falaram com Jesus. Tanto o terreno como o ressuscitado. Eles testemunharam a vida, a morte, a ressurreição, e a ascensão do Cordeiro. A autoridade apostólica deles não pode ser tomada por nenhum dos apóstolos modernos. Os Doze Apóstolos do Cordeiro são os que se assentarão em doze tronos na regeneração para julgar os 12 tribos de Israel (Mt 19.28).
Normalmente se clama por Atos 1.21-22, na escolha de Matias, para dizer quais os requisitos de um apóstolo. Mas, o julgamento não deixa entender o óbvio: eram os requisitos para ser um dos Doze! Se assim fosse, Paulo não podia ser apóstolo, pois conheceu a Cristo muito depois do Pentecostes. Mesmo assim, ele era apóstolo de Jesus Cristo como os Doze também o eram. Entretanto, ninguém foi chamado como Paulo, o abortivo, que apesar de não ser um dos Doze, também recebeu autoridade para escrever o cânon (enquanto a maioria dos Doze, não). Também nem Tiago, se ele também não acreditava em Jesus até vê-Lo Ressuscitado. E Apolo, que também não viu Jesus, e nem conhecia a plenitude do Evangelho até Atos 18?
Portanto, o ministério apostólico na Bíblia estava estendido a muitas pessoas.
Também pode se definir um apóstolo como o defensor e o divulgador de uma fé ou ideia. Assim, muitos líderes que viveram durante ou depois dos Dias Apostólicos, foram chamados de apóstolos de algum lugar por levarem a fé cristã a outros países, como São Gregório, o Iluminar (Apóstolo da Armênia, 256-331), São Patrício (Apóstolo da Irlanda, 373-463), São Columba (Apóstolo da Escócia, 521-597), Santo Agostinho da Cantuária (Apóstolo dos Ingleses, 604). Ou mesmo, o título sendo dado de forma elogiosa à Emílio Conde (apóstolo da imprensa pentecostal brasileira), Nels Julius Nelson (apóstolo pentecostal brasileiro), José Teixeira Rego (apóstolo do Ceará), Gaston Barnabas Cashwell (apóstolo do Pentecostes no Sul dos EUA), etc. Lewi Pethrus, pastor sueco, considerava Gunnar Vingren e Daniel Berg apóstolos. Apenas alguns exemplos, mostram que mesmo sem serem ordenados como tais, muitos servos de Deus atuaram (e foram reconhecidos) como apóstolos no decorrer dos séculos (especialmente depois de mortos).
Finalizando esse pequeno (e incompleto) texto, lembremos o principal versículo para a defesa do apostolado, Efésios 4.11:
Acredito que o versículo permite sim a existência de apóstolos na Igreja ainda hoje, no século XXI. Se apóstolos e profetas não podem mais existir... logicamente nem evangelistas, pastores ou mestres deveriam ainda existir. E o versículo seguinte exprime porque os cinco dons ainda são necessários: Querendo o aperfeiçoamento dos santos, para a obra do ministério, para edificação do corpo de Cristo...
>> II - A Chamada Apostólica
Matias, tinha estado com Jesus desde o início, eram um dos discípulos mais próximos, e assim foi escolhido no lugar do traidor, Judas Iscariotes (At 1.21-26). Apesar de ter sido escolhido de uma forma que não vemos mais nas Escrituras, Matias é o 12º Apóstolo. Dele é o nome nas portas da Nova Jerusalém. Muitas pessoas, no afã de vencer os argumentos restauracionistas e defender o cessacionismo do apostolado, dizem que ele não era o escolhido. Que Jesus não o chamara, que os apóstolos se apressaram, e não esperaram pelo apóstolo certo. Para essas pessoas, que ignoram completamente o que está escrito, Paulo deveria ser o 12º Apóstolo, dada seu chamado sobrenatural e sua relevância. Entretanto, isso é um argumento claramente antibíblico: "assim, ele foi acrescentado aos onze apóstolos".
O Apóstolo dos Gentios, Saulo de Tarso. Chamado por Deus, separado para as nações (At 9.15). Romanos, I e II Coríntios, Gálatas, Efésios, Colossenses, I e II Timóteo e Tito, todos começam com Paulo anunciando a si mesmo como um apóstolo de Jesus.
"O abortivo" ou "nascido fora do tempo" (1 Co 15.8). Essa passagem é difícil, havendo várias interpretações. Mas, o fato é que Paulo considerava-se indigno de ser um apóstolo, pelo tempo que passara perseguindo a Igreja e a Cristo antes de Damasco. Por Sua graça, Deus agiu nele, e por isso, se sentia o "menor dos apóstolos". Ele não estava com Jesus desde o princípio (como Matias e Barsabás, At 1), mas Jesus lhe aparecera depois, por último, cronologicamente, pois há anos não haviam relatos sobre aparições do Ressuscitado. E essa transformação, que ver Jesus proporcionou, não foi inútil, estéril, mas frutífera, tendo "trabalhado mais do que todos eles".
Alguns lembram que a autoridade de Paulo parecia ser constantemente contestada, afirmando que era difícil ser apóstolo fora os Doze (2 Co 11, 12). Entretanto, eu acho que é um mau argumento. Paulo era desafiado sim, mas não pelos que já eram antes dele (Gl 1.17,19; 2.2,6-9). Ele era desprezado por outros que se achavam “super apóstolos” (2 Co 12.11). E Paulo teve que ficar lembrando porque ele era um apóstolo, de verdade.
Porém, raciocine: se o argumento de que apenas os Doze e Paulo eram apóstolos, de verdade, e Barnabé e os outros eram apóstolos em outro sentido, não era mais fácil Paulo dizer que os tais “super apóstolos” que o contestavam eram falsos por isso? Que eles não eram dos Doze, que não tinham visto ao Messias ressuscitado? Que eles eram de menor importância? Apenas mensageiros de igrejas e não da Igreja? Etc.
Mas, não! Paulo precisa reafirmar seu próprio ministério. Isso parece incompreensível para nós hoje, mas não era na época. De igual modo, se só existiam 13 apóstolos, porque os efésios em Revelação [Ap] 2 foram elogiados por provar e expor os impostores? Não era mais fácil a Igreja de Éfeso só dizer que apóstolos não existiam mais [além de João], em vez de prová-los? Inúmeros cessacionistas usam o argumento dos "eminentes apóstolos" para dizer que o apostolado era um círculo fechado. Entretanto, além de suas suposições, não há provas.
Mas, até aqui tudo bem... Quase todo mundo afirma que apóstolos são os Doze e Paulo. Será?
Temos ainda Tiago. Tiago o Justo, irmão de Jesus. Ele foi o primeiro bispo (líder) da Comunidade Cristã de Jerusalém. Paulo o reconhece como Apóstolo em Gl 1.19. No capítulo 2 (v. 9) de Gálatas, Tiago é citado com Pedro e João como coluna, os principais líderes da Igreja. O livro de Atos relata a autoridade de Tiago, sendo inclusive quem presidiu o Concílio da Igreja em Jerusalém em Atos 15 (e não Pedro). Deduzimos por I Coríntios 9.5 que ele pode ter sido casado. Ele não creu no Senhor durante Seu ministério terreno, mas veio a crer após lhe aparecer ressurreto (Jo 7.5; I Co 15.7).
Barnabé era o companheiro de Paulo. Eles serviram em Antioquia da Síria como profetas e/ou mestres quando foram separados para a obra que o Senhor queria. Em Listra, quando foram chamados de Júpiter e Mercúrio (At 14.14), os apóstolos Barnabé e Paulo rasgaram suas vestes. No v.4 também é chamado de apóstolo. Em I Coríntios 9, Paulo faz uma defesa dos dois dizendo que como os demais apóstolos também eram dignos de receberem apoio financeiro das igrejas, mesmo que não cobrassem seus direitos apostólicos.
Barnabé, na verdade José (At 4.36), era levita, de Chipre, e levou Paulo aos apóstolos (At 9.27) e de Tarso à Antioquia (At 11.25). Foi o primeiro líder enviado de Jerusalém para Antioquia (At 11.22). Quando os dois se separaram, Barnabé continuou em sua missão apostólica (At 15.39).
Sempre que alguém me diz que Paulo era o último apóstolo, por ser chamado depois, eu pergunto por Barnabé. Barnabé foi escolhido e comissionado apóstolo primeiro que Paulo então, para Paulo ser o último?
Como resposta, muitos hoje até contestam o apostolado de Barnabé. Rejeitam a Barnabé, ou negando que fosse um apóstolo de verdade (Lucas e Paulo só o incluíram nos "apóstolos" por respeito) ou que era um apóstolo de menor importância, não sendo um de verdade, como Paulo. Entretanto, isso é uma desculpa, uma escapada estapafúrdia, para provar seu cessacionismo apostólico. Paulo e Barnabé eram apóstolos, iguais. A diferença é que o Senhor chamou Paulo para mais coisas (que aliás não chamou nem mesmo a maioria dos Doze).
Andrônico e Júnia, o caso mais especial de apóstolos. Romanos 16.7. Uma apóstola! Alguns acham que os apóstolos os tinham em distinção; eram notáveis aos olhos dos apóstolos. Outros, como eu, acreditam que eles eram realmente notáveis entre os apóstolos; apóstolos notáveis. Normalmente, muitos não aceitam que Júnia era mulher, mas um homem, Júnias, mesmo que esse nome masculino não seja conhecido na Antiguidade, e São João Crisóstomo a reconhece tanto como mulher, quanto como apóstola.
Apolo, judeu de Alexandria, ministrou tanto em Éfeso como em Corinto. Após discutir sobre as divisões na Igreja de Corinto, Paulo fala sobre “nós apóstolos” em 1 Co 4.9, incluindo ele, Apolo e Cefas. Alguns podem achar que ele estava se referindo aos Doze e ele, mas se vermos o contexto, em que a Igreja se dividia entre Pedro, um dos Doze, Paulo, “Cristo”, e Apolo, não faz sentido que eles achassem que Apolo tinha autoridade menor que os outros dois grandes apóstolos. Veja também 4.6, 3.22, 3.4-6. Talvez até Sóstenes, co-autor da carta, esteja incluído no "nós apóstolos".
I Tessalonicenses começa dizendo que Paulo, Paulo, Silas e Timóteo a escreveram. O versículo 2.7 chama os três de apóstolos. Silas, profeta (At 15.32), e Timóteo, ainda um jovem, eram companheiros de Paulo em suas viagens, servindo em sua equipe apostólica.
Exatamente, não dá para saber quantos apóstolos o Novo Testamento relaciona. Além dos já citados, se usarmos os termos mensageiros e enviado, que são da mesma raiz de apóstolo em grego, poderíamos falar de Epafrodito (Fp 2.25-30), Tito (II Co 8:23), Tíquico (II Tm 4.12), Judas Barsabás (At 15.22), Erasto (At 19.22) e os apóstolos sem nome (II Co 8.18-23).
Além disso, os Setenta, que igualmente receberam uma comissão do Apóstolo do Pai nos Evangelhos, também são apóstolos.
Eusébio de Cesareia, que viveu entre 270 e 339/340 d.C., em sua História Eclesiástica (Livro I, XII), diz que Matias e Barsabás (At 1.23) eram dos Setenta. Conta que dizem que o Sóstenes que escreveu I Coríntios com Paulo era um deles. Fala até de uma tradição sobre o Cefas que Paulo enfrentou (Gl 2.11) ser um dos Setenta e não o dos Doze.
Sobre apóstolos, Eusébio escreve:
Mas observando bem, encontraremos que os discípulos do Salvador eram muito mais do que os setenta, aceitando o testemunho de Paulo, que diz que depois de sua ressurreição dentre os mortos apareceu primeiro a Cefas, depois aos doze, e depois destes a mais de quinhentos irmãos juntos, sobre os quais afirmava que alguns já tinham morrido, mas que a maior parte ainda vivia no tempo em que ele escrevia estas coisas.
Depois diz que apareceu a Tiago. Pois bem, este era também um dos mencionados irmãos do Salvador. Portanto, de qualquer forma, os apóstolos à imagem dos doze eram muitos mais - o próprio Paulo o era -, prossegue dizendo: depois apareceu a todos os apóstolos.
Normalmente se diz que, após João, a Igreja já deixou de reconhecer apóstolos e profetas. Nos séculos seguintes, o presbítero/ancião/bispo das igrejas, explícito no Novo Testamento, dará lugar ao episcopado e a sucessão apostólica da Igreja Católica (os bispos, em comunhão com o papa de Roma, são os legítimos sucessores dos apóstolos). Mas, antes disso, a Didaqué, texto apócrifo do século II que era atribuído aos Doze Apóstolos, e respeitado como canônico em vários lugares, no seu capítulo XI, diz sobre apóstolos e profetas:
3 Já quanto aos apóstolos e profetas, faça conforme o princípio do Evangelho. 4 Todo apóstolo que vem até você deve ser recebido como o próprio Senhor. 5 Ele não deve ficar mais que um dia ou, se necessário, mais outro. Se ficar três dias é um falso profeta. 6 Ao partir, o apóstolo não deve levar nada, a não ser o pão necessário para chegar ao lugar onde deve parar. Se pedir dinheiro é um falso profeta. 7 Não ponha à prova nem julgue um profeta que fala tudo sob inspiração, pois todo pecado será perdoado, mas esse não será perdoado. 8 Nem todo aquele que fala inspirado é profeta, a não ser que viva como o Senhor. É desse modo que você reconhece o falso e o verdadeiro profeta. 9 Todo profeta que, sob inspiração, manda preparar a mesa não deve comer dela. Caso contrário, é um falso profeta. 10 Todo profeta que ensina a verdade, mas não pratica o que ensina, é um falso profeta. 11 Todo profeta comprovado e verdadeiro, que age pelo mistério terreno da Igreja, mas que não ensina a fazer como ele faz, não deverá ser julgado por você; ele será julgado por Deus. Assim fizeram também os antigos profetas. 12 Se alguém disser sob inspiração: "Dê-me dinheiro" ou qualquer outra coisa, não o escutem. Porém, se ele pedir para dar a outros necessitados, então ninguém o julgue.
No capítulo XIII:
1 Todo verdadeiro profeta que queira estabelecer-se em seu meio é digno do alimento. [...] 3 Assim, tome os primeiros frutos de todos os produtos da vinha e da eira, dos bois e das ovelhas, e os dê aos profetas, pois são eles os seus sumos-sacerdotes. 4 Porém, se você não tiver profetas, dê aos pobres. [...] 6 Da mesma maneira, ao abrir um recipiente de vinho ou óleo, tome a primeira parte e a dê aos profetas.
O capítulo XV menciona a escolha dos líderes:
1 Escolha bispos e diáconos dignos do Senhor. Eles devem ser homens mansos, desprendidos do dinheiro, verazes e provados, pois também exercem para vocês o ministério dos profetas e dos mestres. 2 Não os despreze porque eles têm a mesma dignidade que os profetas e os mestres.
Muitas pessoas acham que ensinar a atualidade do ofício apostólico é tentar usurpar a autoridade e lugar dos primeiros, que viveram com Jesus. Entretanto, todos entendemos que os Doze Apóstolos chamados por Jesus são os que têm os seus nomes nos fundamentos da Nova Jerusalém (Ap 21.14). Eles são restritos. Eram apenas eles. Eles andaram, conviveram, falaram com Jesus. Tanto o terreno como o ressuscitado. Eles testemunharam a vida, a morte, a ressurreição, e a ascensão do Cordeiro. A autoridade apostólica deles não pode ser tomada por nenhum dos apóstolos modernos. Os Doze Apóstolos do Cordeiro são os que se assentarão em doze tronos na regeneração para julgar os 12 tribos de Israel (Mt 19.28).
Normalmente se clama por Atos 1.21-22, na escolha de Matias, para dizer quais os requisitos de um apóstolo. Mas, o julgamento não deixa entender o óbvio: eram os requisitos para ser um dos Doze! Se assim fosse, Paulo não podia ser apóstolo, pois conheceu a Cristo muito depois do Pentecostes. Mesmo assim, ele era apóstolo de Jesus Cristo como os Doze também o eram. Entretanto, ninguém foi chamado como Paulo, o abortivo, que apesar de não ser um dos Doze, também recebeu autoridade para escrever o cânon (enquanto a maioria dos Doze, não). Também nem Tiago, se ele também não acreditava em Jesus até vê-Lo Ressuscitado. E Apolo, que também não viu Jesus, e nem conhecia a plenitude do Evangelho até Atos 18?
Portanto, o ministério apostólico na Bíblia estava estendido a muitas pessoas.
Também pode se definir um apóstolo como o defensor e o divulgador de uma fé ou ideia. Assim, muitos líderes que viveram durante ou depois dos Dias Apostólicos, foram chamados de apóstolos de algum lugar por levarem a fé cristã a outros países, como São Gregório, o Iluminar (Apóstolo da Armênia, 256-331), São Patrício (Apóstolo da Irlanda, 373-463), São Columba (Apóstolo da Escócia, 521-597), Santo Agostinho da Cantuária (Apóstolo dos Ingleses, 604). Ou mesmo, o título sendo dado de forma elogiosa à Emílio Conde (apóstolo da imprensa pentecostal brasileira), Nels Julius Nelson (apóstolo pentecostal brasileiro), José Teixeira Rego (apóstolo do Ceará), Gaston Barnabas Cashwell (apóstolo do Pentecostes no Sul dos EUA), etc. Lewi Pethrus, pastor sueco, considerava Gunnar Vingren e Daniel Berg apóstolos. Apenas alguns exemplos, mostram que mesmo sem serem ordenados como tais, muitos servos de Deus atuaram (e foram reconhecidos) como apóstolos no decorrer dos séculos (especialmente depois de mortos).
Finalizando esse pequeno (e incompleto) texto, lembremos o principal versículo para a defesa do apostolado, Efésios 4.11:
E Ele mesmo deu uns para apóstolos, e outros para profetas, e outros para evangelistas, e outros para pastores e mestres
Acredito que o versículo permite sim a existência de apóstolos na Igreja ainda hoje, no século XXI. Se apóstolos e profetas não podem mais existir... logicamente nem evangelistas, pastores ou mestres deveriam ainda existir. E o versículo seguinte exprime porque os cinco dons ainda são necessários: Querendo o aperfeiçoamento dos santos, para a obra do ministério, para edificação do corpo de Cristo...
>> II - A Chamada Apostólica
P.S. A versão desse texto, de 2017, representa um outro momento de minha vida, em que ainda cria totalmente em tais coisas e até mesmo nas promessas de que eu mesmo seria apóstolo um dia. Desde lá, muita coisa aconteceu. Hoje, quase nada daqui mais faz sentido pra minha trajetória; mas não apagarei ou tornarei o texto mais 'limpo' em consideração a quem ainda chegar aqui.
Recebi por e-mail de Mirian de Mello Cruz Santos:
ResponderExcluirOlá irmão César! Quero dizer que não só concordo com tudo que o irmão falou sobre os apóstolos e sobre todos que o irmão mencionou como sendo apóstolos de Cristo, pois a Bíblia cita todos eles como apóstolos; mas quero dizer que também me considero uma APÓSTOLA de Cristo.
Eu penso que todos que creem em Jesus e pregam a mensagem da cruz e vivem para servir ao Senhor, devem ser considerados apóstolos de Cristo .
Abraços fraternos Mírian
Caro Cesar, Paz!
ResponderExcluirAndrônico e Júnia não eram apóstolos.
O texto diz que entre os irmãos que estava com os apóstolos... eles se destacaram.
Caso contrário o texto estaria dizendo que eles se destacaram mais que os apóstolos, mais que os 12.
Abs.
Paz Edivan, obrigado pela visita e comentário!
ResponderExcluirVocê deve considerar a "notáveis entre os apóstolos", uma frase que permite várias interpretações.
Irmão em Cristo, a Paz!
ResponderExcluirFica estranho, novos "apóstolos".
Não consegui ver ninguém como apóstolo, estou estudando as escrituras, e creio que isso é muito particular.
O problema, é que existem muitos apóstolos (apóstatas), que querem crescer em função deste nome, crendo que é o último estágio na hierarquia (seria o mais ungido?).
João se intitulou Presbitero nas cartas, e era apóstolo.
Excelente texto, não discordo do que escreveu, só acrescentei considerações pessoais.
Um abraço,
Presbíterio é a forma organizacional dos 5 ministérios , assim como o sinédrio era prós judeus... Todos que fazem parte dos 5 ministérios são presbíteros porque compõem a governança da igreja local.
ExcluirObrigado pela visita e comentário Luciano!
ResponderExcluirConcordo com você! Hoje existem muitos apóstatas com cargos dentro das igrejas: apóstolos, profetas, mestres, pastores, evangelistas, diáconos, líderes.
A questão é essa: quem tem o maior título deve ter (?) mais unção, mais poder, maior autoridade.
Abraço Luciano, obrigado!
Aproveitando o texto, gostaria de saber, se haveria distinção de Grau, entre apóstolos, profetas, evangelistas, pastores e doutores. Me parece que o texto não sugere isso. O que o amado acha?
ResponderExcluirQUE JESUS CRESCA E EU DIMINUA!
ResponderExcluirAnônimo, eu acredito que esses ministérios são irmãos, unidos, acredito que são iguais entre si.
ResponderExcluirÉ claro que eu se for convencido do contrário por alguém, o que pode acontecer, eu mudo um pouco o artigo.
Último Anônimo: Amém!
Ola irmãos, eu li uma matéria recentemente criticando os apóstolos d hj em dia, dizendo que somente os doze junto com Paulo tinham direito de serem chamados de apóstolos pelo fato de terem visto Jesus. Mas acho que o texto de Efésios 4.11 diz tudo, como o César colocou no comentário, se não pode existir apóstolo tbm não deveriam existir pastores... Abraços, Deus abençõe a todos!
ResponderExcluirConcordo com o artigo e aproveito para adicionar as palavras do meu apostolo: " quanto maior for o seu cargo na igreja, mais servo você é".
ResponderExcluirOlha, vocês são incríveis de verdade!
ResponderExcluirComo que podem se basear em reconhecimento de homens (muitos foram reconhecidos como apóstolos) por quem? Por Deus? ou pelas pessoas...
Vocês usam um livro apócrifo pra defender a ideia de vocês um livro que nem inspirado foi.
Usam versículos sem contexto e muito menos estudo do original do hebraico. Interpretam como querem e dizem que na bíblia está escrito que fulano foi reconhecido como apóstolo sendo que nem está escrito apóstolo lá.
Vocês se contradizem
Dizem que Paulo teve uma visão do Cristo ressurreto e depois que houve uma aparição...
O mais engraçado que...
ResponderExcluirA teoria de vocês é linda... muito bem escrita kkkkkkk
Mas a pratica é totalmente diferente, como vocês podem reconhecer que Renê Terra Nova é um dos patriarcas gente?
Bora estudar português, bora interpretar um texto com contexto devido?
Usam versículos isolados sem contexto nenhum
Como vocês podem acreditar que um cara simplesmente teve uma revelação e que Jesus falou que queria que ele fosse apóstolo? Como?
Eu lendo o artigo e consultando todos versículos na bíblia que vocês falam, mas leio tudo não só o versículo..
por que as coisas tem que ter um CONTEXTOOOOO por trás.
A BÍBLIA NÃO É SOBRE A NOSSA INTERPRETAÇÃO HUMANA... não é o que você leu e o que você entendeu, tudo tem um contexto por trás...
Eu faço parte infelizmente de uma igreja do modelo dos 12 por que eu não estudei sobre isso antes e hoje estou vendo que estamos sendo enganados.
Primícias, Encontro com Deus, ofertas e viagens pra Israel, teologia da prosperidade, festas hebraicas e judaicas
....
todas essas patotas dirigidas por Renê Terra Nova e por esses "Apóstolos" "chamados por Deus"
Quero glorificar a Deus por sua vida e por esse texto tão esclarecedor, pois eu já defendia essas ideias, mas não tinha tantas argumentações tão plausíveis quanto as suas. Deus abençoe.
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